Contos de Ernane Martins

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Conversa Amigável


Vou contar uma história bem interessante. Não sei se é verdade ou não. Até pensei em escrever um conto se eu não tivesse com preguiça. Me contaram. Como a gente vive no mundo de compartilhamento, resolvi passar adiante.

Vamos chamar o marido da nossa história de Carlos e o nome da mulher dele de Bianca. Além disso, Bianca tem uma irmã, Creusa, que é casada com Felipe.

Acontece que Felipe sempre desejou levar Bianca para cama. Mas, durante os primeiros anos de casamento, ele nunca tinha dado em cima dela.

Com passar do tempo, porém, o casamento dele caiu na rotina, o respeito que ele tinha por Carlos se perdeu e Bianca parecia cada vez mais bonita e irresistível. Então, numa festa familiar, afastado de todos, ele havia bebido bastante, tá certo, mas meio que brincando meio que falando sério, ele deu em cima da cunhada.

Bianca achou graça, não deu importância. Mas Felipe voltou a dar em cima dela, desta vez sóbrio. Repetiu a dose uma, duas, três vezes… Bianca começou a pensar que havia feito algo que desse a entender que ela sentia atração por ele, um sorriso, um olhar ou uma mexida de cabelo. Felipe continuou dando em cima. Ela não sabia o que fazer. Contar tudo a irmã? Contar tudo ao marido? Ela não aguentava mais. Decidiu contar tudo ao marido. 

Carlos não ficou nada feliz com o assédio que sua mulher vinha sofrendo. Agora era ele que não sabia o que fazer. Decidiu se aconselhar com um amigo. 

– Tenha uma conversa amigável com Felipe – disse o amigo.

– Amigável?!

Carlos se convenceu a seguir o conselho do amigo. Uma conversa amigável resolveria tudo, nunca mais se incomodaria com esse cunhado safado. 

De forma proposital, quando Felipe deixava o trabalho e embarcaria no carro, Carlos apareceu e pediu uma carona. Logo depois, já em meio ao trânsito da cidade, calmamente, Carlos contou que sabia que ele andava dando em cima da sua esposa. Felipe parou o carro e, através de uma voz trêmula, pediu desculpas e jurou que nunca mais daria em cima de Bianca. 

Pois é, a conversa “amigável” resolveu o problema, ainda mais com Felipe vendo uma arma apontada para sua barriga durante a carona. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Engravidou do Pokemon


Estava zapeando a Tv domingo a noite e parei no programa João Kleber. Rede Tv. Conhecem?

Ele tem um quadro sobre segredos. Uma mulher estava querendo contar um segredo para o marido. Eu já tinha visto esse quadro antes, o apresentador demora um monte para contar o segredo, ele faz a gente até perder a paciência. Só fiquei assistindo porque sabia que ouviria alguma bizarrice e acabaria rindo.

Uma vez, resistindo a vontade de trocar de canal. assisti uma moça confessando para mãe que era viciada em fumar papel higiênico. Não sei se isso é verdade ou não, ou tudo era uma armação. Mas acabei morrendo de rir. Esse mundo tem louco pra tudo mesmo.

Tô enrolando né? Vamos ao causo. A mulher queria contar ao marido o segredo. Ele estava ficando bravo, pensando mil coisas ruins a respeito da esposa. Ansioso para descobrir o que ela tinha para contar, que não tinha coragem de dizer em particular, com medo da reação dele ou sei lá o que.

Então ela revelou que adorava caçar Pokemon. Até pro mato ela foi atrás do Pokemon. Foi lá no mato que ela confessou tudo ao marido, sobre a transa que teve. Não com o seu amante, mas sim com o Pokemon. Isso mesmo, o Pokemon.

Não, isso não é tudo. Ele disse que estava grávida, grávida do Pokemom. Para finalizar, ela contou que o filho que eles teriam se chamaria Pikachu. Isso tudo na frente do marido, para choque e riso de toda a plateia e dos telespectadores.

Depois o quadro acabou e sorriso ficou.



quarta-feira, 14 de setembro de 2016

A Vida e a Viagem de Trem


"Nossa vida é:como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques...


Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos, farão conosco a viagem até o fim: Nossos pais. Não é verdade?

Infelizmente, em alguma estação eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinhos, proteção, amor e afeto.

Muitas pessoas tomam esse trem a passeio. Outros fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem há, também, pessoas que passam de vagão a vagão, prontas para ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas.

Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe. Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas claro que isso não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos nos assentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.

Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques. Sabemos que esse trem jamais volta. Façamos, então, essa viagem, da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto, poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso.

Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá. O grande mistério, afinal, é que não sabemos em qual parada desceremos.

E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim. Deixar meu filho viajando nele sozinho será muito triste. Separar-me de alguns amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido. Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando desembarcaram.

E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, posso ter colaborado para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta, à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade... Quem entrará? Quem saíra?

Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo íntimo, deixaram desmoronar.

Fico feliz em perceber que certas pessoas, como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros". Agradeço a Deus por você fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo."

sábado, 10 de setembro de 2016

A Cetra

Outra historinha real acontecida comigo, acho, se a memória não tiver me enganado. A Cetra. Conhecida pelos alemães de Joinville como chiloida. No Brasil ela é mais conhecida popularmente como estilingue. Essa atiradeira é responsável por meus amigos e eu termos nos metido numa enrascada, com quebra de gaiola, fuga e com risco enorme de apanharmos. 


A Cetra


Eu estava assistindo desenho quando, através da janela, vi o Márcio se deslocando para o fundo do quintal com uma sacola plástica na mão. Imediatamente desliguei a tevê e fui atrás dele. A curiosidade me levou a observá-lo meio de longe. Ele começou a construir uma cetra. Finalizando o projeto, ele passou a manuseá-la, testá-la, atirar pedras num alvo como esporte. 

Eu sabia que o Márcio não me deixaria brincar com a cetra se eu pedisse. Ia dizer que iria estragá-la. Porém eu era uma criança paciente e, às vezes, esperta. Uma hora ele largaria a cetra e a guardaria num lugar muito fácil de ser encontrada. Aí seria o momento de me divertir que nem ele. 

No dia seguinte, pela manhã, procurei pela cetra do meu irmão. Achei dentro de um armário velho, fora de casa. Nisto, ouvi o meu nome sendo dito e gelei. Não era o Márcio me chamando atenção e me dizendo para tirar as mãos da cetra, e sim dois dos meus  amigos. Que alívio! Berrei para que eles viessem ao meu encontro aqui atrás. 

Ne e Vinho eram irmãos. O Ne era três anos mais velho do que o Vinho. Diferente do Márcio e eu, eles se davam bem. O Ne era uma criança valente e corajosa, não tinha temor em subir em árvores. O Vinho era uma pessoa mais calma, mais amiga. 

Eu os apresentei a cetra. Eles ficaram com vontade de experimentá-la. Mas achei prudente não brincarmos com ela ali em casa, o Márcio podia nos ver e acabar com o nosso divertimento. Fomos a um matagal. Demos tiros dispersos, miramos em galhos, flores e latas. A cetra era passada de mão toda vez que a pedra atingia ou passava perto do alvo pretendido. 

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Meu primeiro dia de aula

Vasculhando meus documentos aqui no note, achei algumas histórias que escrevi já adulto, mas oriundas da época em que eu era criança. Histórias reais, encrencas acontecidas comigo e meus amigos na infância. Lembranças que não se apagam com o tempo.

No total são cinco histórias, mini contos. Nunca ninguém leu. Talvez nem as pessoas que me conhecem desde em que nasci sabem de algumas dessas aventuras em que me meti. Não sou muito de contar o meu passado. Sei me expressar melhor escrevendo, com todos os meus defeitos ou qualidades.

O primeiro texto é sobre o meu primeiro dia de aula. Medos, surpresas e impressões de uma criança entrando numa sala de aula pela primeira vez, sem ter a menor ideia do que é uma escola, alguém que pulou direto para primeira série, porque todas as vagas do prezinho estavam preenchidas. Ainda estava mascando chiclete no dia da matrícula. Já sendo informado na secretária que seria proibido mascar chiclete na sala de aula.


Meu Primeiro dia de Aula


Eu me aprontei para sair. Havia vestido uma roupa que jamais usei. Calção azul-escuro, camisa branca, um círculo azul e gigantesco desenhado no meio, com algo escrito, que eu não entendia o que era. Diziam que eu ia para a escola. Escola? O que era uma escola? Eu não tinha ideia. Então minha mãe me pegou pela mão e me levou para conhecê-la.

Chegando ao Dom Pio de Freitas, eu me deparei com uma multidão. Adultos, crianças e adolescentes. Muitos estavam aglomerados no pátio. Esperavam alguma coisa. O que será? A minha pergunta não demorou a ser respondida. O meu nome se encontrava numa das listas da primeira série. Então, minha mãe e eu seguimos em direção a uma determinada sala, acompanhados de uma porção de gente.

Um a um os alunos foram entrando na sala e escolhendo um lugar para se sentar. Entrei um pouco com medo e inseguro. A minha mãe ficou do lado de fora. Tive vontade de chorar quando me vi sozinho num lugar estranho e desconhecido. Mas me segurei. Contudo alguns dos meus colegas não foram capazes de me copiar e, através das lágrimas, deixaram transparecer o medo.

A professora tomou a palavra, apresentou-se. A voz dela era suave. Ela tinha tudo aquilo que precisávamos naquele instante: doçura, bondade e paciência. Pouco a pouco fomos nos acalmando e perdendo o medo. Ela nos ensinou algumas canções. Então ocorreu uma transformação, igual transformar água em vinho. Aquela turma chorona e amedrontada passou a ser uma turma alegre e festeira. Cantávamos, pulávamos, aprendíamos coreografias. Isso durante todo o período da manhã. Se eu soubesse que a escola era assim tão legal, já teria vindo antes.

A nossa diversão só teve fim quando o sinal tocou. Foi à hora de se despedir da professora com leve tristeza e o momento de saber se os meus pais cumpriram a promessa de vir me buscar. Saí da sala, apreensivo. E se eles estivessem se esquecido de mim? O que aconteceria comigo? Eu não sabia o caminho de casa. Entretanto, o meu pai estava lá me esperando, sentado na bicicleta. Só a cabeça dele aparecia, porque ele estava atrás do muro da escola, próximo ao portão. Corri feliz ao encontro dele e, tão logo que montei na garupa da bicicleta, partimos.

A caminho de casa, driblando pais e estudantes, continuava fresca na memória a ótima impressão que tive da escola. Comemorava o fato de ter que voltar aquele lugar agradabilíssimo. Não interessava que no dia seguinte eu descobriria que estudar não era nada daquilo que imaginava, aprenderia a somar e o alfabeto, as canções só seriam cantadas no início da aula. Na garupa da bicicleta, eu via a escola como o lugar mais legal da face da Terra, e sabia que eu e os outros estudantes éramos uns privilegiados por frequentarmos aquelas salas de aula onde aprendíamos a cantar, onde o nosso único dever era se divertir. 

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Um Poeta Apaixonado


"Certa vez um homem se apaixonou pela Lua
Ele passou noites inteiras contemplando sua beleza
O brilho que vinha do luar deixava o homem ainda mais apaixonado
Passou noites perdido nas praias, deitado na areia e admirando o céu
Admirando a valsa das estrelas, que dançavam em volta da lua
Enquanto a luz refletia nas águas o homem pegou um pedaço velho de papel e com um simples pedaço de lápis começou a falar de amor para sua amada lua, então ele dizia...

Lua linda que brilhas no céu
agora entendo porque dizem que você é de mel
Como é linda, seu brilho e sua clareza
Ainda que ande milhões de planetas
Não encontrarei tanta beleza

Lua linda que ilumina minha noite escura
perdoe minha loucura
Estou doente de amor
E ainda não encontrei a cura

Lua linda um dia vou para perto de ti
Te olhar a noite no céu me faz querer voar
Me faz querer te seguir
Continue a brilhar dai
que daqui estarei a sorrir..."

Um Poeta Apaixonado
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