O que leva um homem a deixar sua casa, vir de um recôncavo
longínquo, percorrer milhares de quilômetros, ficar à mercê das
intempéries do tempo para alcançar uma cidade nanica e simplória
como São Bonja? Ela era apenas uma lenda. Os comentários a respeito
dela podiam ser falsos ou exagerados. A aventura, no final das
contas, podia não valer a pena, seria um desperdício de tempo e de
dinheiro, fora o risco de voltar para casa frustrado e se rotulando
como bobo e ingênuo.
Mas Cícero recusou seguir os conselhos daqueles que se opunham a sua
viagem. Sentia-se como um explorador indo atrás de algo belo e
poucas vezes visto. A cidade de São Bonja e seus múltiplos defeitos
não o desencorajavam a conhecê-la, as mais formosas flores às
vezes nascem em lugares que a gente menos espera.
Numa sossegada manhã de primavera, Cícero chegou à cidade.
Realmente, São Bonja era do jeitinho que a descreveram: humilde e de
pouco valor. Ele não demorou a perguntar sobre a lenda da qual tinha
ouvido falar. Recebeu a informação de que ela era verdadeira e que
a sua beleza ia além daquela que ele imaginava.
Feitas mais algumas perguntas, ele passou a vigiar um sobrado
imponente, antigo e bem conservado. Precisava saber se ela fazia jus
aos elogios que recebia. Só sairia dali quando a joia mais preciosa
e mais desejada da cidade aparecesse diante dos seus olhos.
De repente, ele foi apresentado àquilo que tanto almejava ver. A
aparição dela ocorreu na sacada, foi curta, porém não menos
arrebatadora. Cabelos cor de mel, de uma suavidade majestosa; pele
branquinha feita com o mais raro material divino; boca delicada, de
contornos aprimorados como de uma flor; olhos de tigresa, de deusa,
que serviam única e exclusivamente para serem deliciados; jeitinho
tímido que refinava ainda mais a sua graciosidade. Ana Beatriz era
linda de matar ou morrer.
Cícero voltou para dentro da venda, localizada diante do sobrado,
sem se esquecer de nenhum detalhe da beldade que acabara de se
exibir. Pediu uma dose de cachaça. Tomou de uma vez só. A lenda da
mulher mais bonita do mundo era autêntica, ainda bem. Percebeu que
nunca antes tinha visto algo tão belo.
Naquele lugar, logo depois, ele conheceu Beto, e sem nenhum temor ou
vergonha lhe revelou:
– Eu estou apaixonado pela moça que mora aqui em frente. Vi-a
apenas uma vez, mas a amo mais do que a minha própria vida.
– Você a ama como todos que estão aqui dentro. E olha que você a
viu apenas uma vez. O meu drama é bem maior, eu a conheço desde
criança.
– Eu estou esperando para falar com ela, quando sair por aquele
portão. Com certeza, quando eu declarar o meu amor, ela vai se
apaixonar por mim com a mesma intensidade do amor que sinto por ela.
Beto disse rindo:
– Que pretensão a sua, forasteiro! Você é muito engraçado! Ana
Beatriz só fala com homens que sejam da família, não deixa nenhum
estranho se aproximar.
– Pode rir à vontade, mas pode escrever: eu vou me casar com ela.
Cícero não perdeu mais tempo com Beto. Ocorreu-lhe a ideia de
colher informações sobre seu Luís. Nada muito profundo e íntimo
Cícero procurou saber dele. Desconhecia o temperamento, a opinião
que as pessoas tinham sobre ele, quais episódios marcaram a sua
vida. Preferiu ficar com a descrição física do comerciante e
conhecer os locais em que podia encontrá-lo.
Decidiu logo falar com seu Luís. Identificou-se e, sem meias
palavras, pediu permissão para namorar Ana Beatriz. Teve o pedido
negado. Por que seu Luís permitiria que a filha se envolvesse com um
desconhecido? O comerciante expulsou o abusado de sua loja, como fez
com tantos outros, e disse para ele nunca mais aparecer.
Cícero sentiu que por trás daquela reação de seu Luís habitava
algum segredo. O comerciante não o trataria tão mal se não tivesse
um motivo especial para isso. Intrigado e curioso, reunido com outras
pessoas, Cícero tomou conhecimento que seu Luís jamais deixou a
filha namorar. Filhos de grandes fazendeiros e homens riquíssimos já
tinham tentado obter essa honra, mas seu Luís os rejeitou como se
eles tivessem um defeito muito grave.
A oposição de seu Luís não tirou do peito de Cícero a esperança
de fazer Ana Beatriz amá-lo. E no início, apenas no início, ele
achou que não teria problemas para conquistá-la. Com o passar do
tempo, porém, ele percebeu que trocar algumas palavras com ela era
uma missão complicadíssima. Ana Beatriz vivia trancada dentro de
casa e quando saía para passear era escoltada pelo pai ou pelos
irmãos. Cícero podia gritar no meio da rua que a amava, quando ela
passasse indo a algum lugar, mas, com certeza, as suas palavras
somente a deixariam envergonhada.
Ele desejava falar a sós com Ana Beatriz. Desse jeito as suas
palavras de amor entrariam como fogo no coração dela e a
incendiariam. Mas, para conseguir tal feito, ele precisava contar com
a ajuda de alguém. Então ele criou uma lista com os nomes das
pessoas que tinham acesso a Ana Beatriz e que podiam se solidarizar
com seu drama e promover o encontro dele com a mulher amada.
No entanto, um a um, ele teve de riscar os nomes. Porque, embora
fizesse uma propaganda positiva sobre sua pessoa e declarasse que
suas intenções para com Ana Beatriz eram as melhores possíveis,
ninguém quis ajudá-lo.
No final do dia, só restava um único nome. Oswaldo era primo de Ana
Beatriz. Contaram a Cícero que ele era um rapaz romântico e
apaixonado por Bianca, com quem veio a se casar. Ele só foi parar no
fim da lista porque disseram que ele mudou da água pro vinho.
Cícero procurou Oswaldo e se esforçou ao máximo para convencê-lo
a se tornar seu cúmplice. Recebeu como resposta um não frio e
insensível, isento de qualquer justificativa. Achou que devia
insistir um pouco mais. Oswaldo o fez se calar com o seguinte
argumento:
– Ana Beatriz não é pro seu bico!
– Por quê?
– Ela me ama!
Alguns meses se passaram, e num dia nublado, onde o sol não deu as
caras e um vento gelado soprava pela ar, um homem, montado num cavalo
preto e elegante, parou em frente à casa de seu Luís. Ele estava
vestido com terno de linho branco e chapéu da mesma cor. Seu Luís o
recebeu com um forte abraço, depois adentraram a casa. Todos que
assistiram aquela cena ficaram se perguntando: “Quem será esse
homem? E por que seu Luís o recebeu tão bem?”
No dia seguinte, espanto geral: estavam anunciando o casamento de Ana
Beatriz com Fagundes, o homem de terno de linho branco. Toda a cidade
ficou surpresa. Como seu Luís podia dar a mão de sua filha, o seu
bem mais precioso, para um estranho, que surgiu do nada e que acabava
de chegar a São Bonja? Essa história estava mal contada. Seu Luís
recusou casar a filha com indivíduos de alta classe. Por que
justamente Fagundes era digno dessa honra? O que havia de errado com
os outros?
A cidade queria saber: por quê Fagundes? Então seu Luís contou aos
amigos o motivo da escolha e toda a cidade ficou sabendo. Ele e o pai
de Fagundes prometeram, muito tempo atrás, que seus filhos se
casariam quando ficassem adultos. Ele havia prometido a filha. Era
por isso que botava pra correr todos aqueles que se candidatavam a
namorá-la.
Os homens que sonhavam em se casar com Ana Beatriz acharam que
Fagundes não merecia ser agraciado com tal sorte. Primeiro: ele era
um desconhecido. E segundo é que ela estava sendo forçada a se
casar pelo pai. O ódio tomou conta deles. Detestavam Fagundes a
ponto de pensar em fazer alguma coisa para impedir aquela união.
Tudo porque ele tentava roubar a jóia mais valiosa da cidade, da
qual muitos se julgavam donos.
Fagundes não tinha noção do perigo que corria. Acreditava que
estava apenas sendo invejado, e não se importava muito com isso.
Encantou-se com a beleza de Ana Beatriz logo à primeira vista. Não
esperava que a sua prometida fosse tão bela. Ana Beatriz não
parecia estar contrariada com o casamento e nem desprezava o futuro
marido. E isso o deixava ainda mais feliz.
E desde o dia em que chegou à cidade, Fagundes não quis mais
abandoná-la. Queria ficar perto de Ana Beatriz, admirá-la todos os
dias, nada no mundo era tão interessante quanto a noiva. Ele ficou
hospedado na fazenda de um amigo de seu Luís. E toda tardezinha, ele
ia visitar a noiva. Sempre ia com seu cavalo. Percorria uma boa
distância. O cavalo, de tão acostumado, sabia o caminho de cor.
Num certo dia, porém, o pessoal da venda estranhou uma coisa: o
cavalo de Fagundes apareceu sozinho na frente da casa de seu Luís.
– Cadê o Fagundes? – Era a pergunta que todos da venda se
faziam. – Não é sempre nesta horinha que o maldito vem noivar?
Fagundes não veio naquela noite e nunca mais viria. Porque na
estrada, a caminho da casa da noiva, ele caíra numa emboscada.
Escondido no mato, à beira da estrada, alguém tirara a vida dele.
A notícia da morte de Fagundes explodiu como uma bomba na casa de
seu Luís, que mal podia acreditar que o futuro genro havia sido
assassinado. Quando se pôs diante do cadáver de Fagundes, seu Luís
indignou-se e disse que o desgraçado que tinha cometido esse crime
não ficaria impune.
Para a polícia de São Bonja, tornou-se prioridade descobrir quem
havia matado Fagundes. Alguns dias de investigação e todas as
suspeitas caíram sobre as costas de Oswaldo. Bianca, a mulher dele,
confessou ao delegado que vira o marido sair armado no dia do crime e
voltar tarde da noite.
– Por que ele mataria o noivo de sua prima? – perguntou o
Delegado a Bianca.
– Porque ele é apaixonado por ela. Ele jogou isso diversas vezes
na minha cara. Ele também morria de ódio de Fagundes. Ouvi várias
vezes ele dizer que queria matar o maldito. Oswaldo matou Fagundes,
porque não aguentaria ver Ana Beatriz se casando com outro homem.
Oswaldo, no mesmo dia, foi detido. Na frente do delegado, afirmou que
realmente amava Ana Beatriz. Mas negou o crime. Revelou que a bala
que tinha matado Fagundes saíra de sua arma, mas de novo negou que
tivesse atirado.
– Se não foi você quem foi? – perguntou o delegado.
– Se eu contar, você não vai acreditar...
Alguns meses atrás, Cícero aparecera na cidade. Viera atraído,
como surgiram outros, pela reputação de Ana Beatriz. Apaixonou-se
quando a viu se exibindo na sacada de casa. Porém enfrentou
dificuldades para conquistá-la. Sequer conseguiu ganhar a simpatia
de alguma pessoa que podia ajudá-lo a ficar frente a frente com o
seu amor.
Mas Cícero não havia vindo de tão longe para desistir por causa de
uma dúzia de proibições e de negativas. Ele ficou pensando numa
maneira de fazer Ana Beatriz conhecê-lo. Ninguém podia estar por
perto. Desse jeito a chance de alguém proibi-lo de se apresentar e
de falar tudo o que sentia por ela era reduzida a zero. Teve uma
ideia. Mas o plano não era assim, digamos, perfeito. Ele era
perigoso e dependia de sorte. Mas Cícero não acreditava num homem
apaixonado que não corre risco.
Feito ladrão, bem cedo, ele pulou o muro da casa de Ana Beatriz e se
escondeu detrás das folhagens. Ele tinha o palpite que ela amava as
flores e toda a manhã vinha ao jardim dar bom-dia e cuidar de suas
tulipas, orquídeas e hortênsias.
Dito e feito, Ana Beatriz veio caminhando em direção ao jardim. O
coração de Cícero acelerou de maneira tão forte que era possível
ouvir as suas batidas. Ao se aproximar mais um pouco, ele apareceu
diante dela, que levou um baita susto. Imediatamente tentou
tranquilizá-la dizendo que não pretendia lhe fazer nenhum mal.
Aproveitou os instantes seguintes para revelar que a amava mais do
que tudo na vida e declarar outras belas palavras. Depois, Ana
Beatriz o expulsou do jardim ao ameaçar gritar por socorro.
Mesmo tendo sido escorraçado, Cícero não tinha perdido as
esperanças de conquistá-la. Muito pelo contrário, ele estava mais
confiante de que em breve ela seria sua. E de tão contente que se
encontrava por ter trocado as primeiras palavras com a sua amada, ele
catou papel e caneta e, numa tarde inspirada, escreveu uma carta a
Ana Beatriz.
Ele saiu à rua com a carta. Passou pela venda de seu Miguel e pelo
sobrado de seu Luís. Bateu palmas na frente da casa de Simone, amiga
de Ana Beatriz. De forma discreta, implorou que ela entregasse a
carta a quem pretendia. Simone não conseguiu se negar a fazer esse
favor. Não lhe custava nada, palavras expostas em um papel em geral
são inofensivas.
Dias depois, Simone bateu à porta do quarto de Cícero. Ela trazia
uma carta de Ana Beatriz. Ele a segurou, emocionado, e a leu e a
releu uma centena de vezes. Preferiu agradecer-lhe pessoalmente.
Esperou Ana Beatriz surgir na sacada de casa. Quando isso aconteceu,
os olhos deles se grudaram. Foi um custo eles se separarem outra vez.
E assim foi, trocando cartas, com a ajuda e cumplicidade de Simone, e
se vendo à distância, que Ana Beatriz veio a se apaixonar por
Cícero.
Mas a felicidade dos dois acabou quando Fagundes apareceu na cidade e
seu Luís anunciou o casamento. Cícero ficou arrasado. Teve vontade
de matar o sujeitinho que estava tentando roubar a mulher de sua
vida. Se ele tivesse um lado negro e não fosse um homem de bem,
faria esse serviço. Desistiu dessa ideia, preferiu convencer Ana
Beatriz a fugir de São Bonja para eles enfim serem felizes.
Mesmo amando Cícero, Ana Beatriz não queria ser ingrata com sua
família, abandonando-a sem olhar para trás. Deveria haver um jeito
de romper o compromisso que possuía com Fagundes sem que para isso
fosse necessário tomar uma atitude radical. Todas as esperanças
foram depositadas em seu Luís. Por amor à filha, ele poderia rever
a sua opinião de casá-la com uma pessoa que ela percebia que não
tinha a mínima condição de fazê-la feliz.
Na festa de noivado, Ana Beatriz tentou pela última vez convencer o
pai a mudar de ideia sobre seu casamento. A conversa aconteceu no
escritório, com as portas fechadas.
– Pai, eu não o amo – disse ela, num dado momento, chorando.
– Sinto muito, minha filha, mas infelizmente não posso voltar
atrás; dei a minha palavra de honra... Queria te deixar escolher –
disse seu Luís, entristecendo-se por causa do sofrimento de Ana
Beatriz e lhe dando um abraço. – Agora só a morte irá separar
você e Fagundes... Agora vamos voltar à festa, nos ausentamos
demais. Enxugue estas lágrimas e volte a fingir que está feliz.
A festa de noivado chegou ao fim, mas os dias foram andando cada vez
mais rápido, a data do casamento estava cada vez mais próxima.
Casamento este que Ana Beatriz rejeitava, abominava. Pois sonhava
acordada com Cícero e com o mar de rosas que seria a vida ao lado
dele. Mas a sua realidade se consistia em Fagundes, maldito Fagundes,
um sujeitinho que não devia ter nascido, um malfeitor que a estava
obrigando a se casar sem amor e que trataria de fazer de seu futuro
algo triste e melancólico.
Não foi por acaso que ela se lembrou de um sentimento morto e há
anos esquecido e que atingiu seu ápice na adolescência. Na época,
ela se apaixonou pelo primo Oswaldo. Mas ele só tinha olhos para
Bianca. E no dia em que ele subiu ao altar, Ana Beatriz parou de
gostar dele.
A ironia do destino deu o ar da graça anos mais tarde, Oswaldo
começou a nutrir uma paixão avassaladora por Ana Beatriz. Certa
vez, tomou coragem e se declarou. Ana Beatriz achou aquilo um
disparate, horrorizou-se ao escutar que ele faria qualquer coisa por
amor a ela. Não quis ouvir mais nada, fugiu e nunca mais o deixou se
aproximar.
Agora essas velhas lembranças tinham um sabor todo especial,
completamente diferente de outrora, eram como se fossem tábuas onde
ela podia se segurar para sobreviver a um naufrágio.
E a visita de Oswaldo ao seu Luís não podia ter ocorrido num
momento mais oportuno. Ana Beatriz ficou alegre ao vê-lo. Quando
surgiu a oportunidade, conversaram a sós.
– Você disse, um dia, que faria qualquer coisa por mim – lembrou
Ana Beatriz.
– Disse e ainda faço, Ana – afirmou Oswaldo.
– Eu quero uma coisa simples de você. Quero que me arranje uma
arma.
– Uma arma?! O que ganho em troca te fazendo esse favor?
– O que quiser.
– Eu quero você pra mim.
– Isto você não poderá ter – respondeu Ana Beatriz.
Tendo o seu primeiro pedido negado, ele pensou numa outra coisa.
– Então eu quero ter uma noite de amor contigo.
Ana Beatriz balançou a cabeça, concordando em atender a exigência
dele.
No dia seguinte, Ana Beatriz saiu escondida pelos fundos de casa.
Estava vestida com peças do guarda-roupa masculino. Andava com capuz
na cabeça, queixo abaixado e de forma veloz. Ela avançou sobre uma
região desabitada da cidade. Chegou ao local onde Oswaldo disse que
esconderia a espingarda. Em companhia dela, dirigiu-se para a beira
de um barranco. Agachou-se no meio do mato. A mira da espingarda
ficou voltada para a estrada que corria ali embaixo.
Minutos depois, Fagundes surgiu na estrada. Vinha a cavalo,
achando-se o homem mais sortudo do mundo. Quando passava por perto do
barranco, recebeu dois tiros no peito. Com o barulho, o cavalo se
assustou e saiu em disparada. Fagundes caiu morto de cima do animal.
Ana Beatriz saiu dali mais leve, mais solta. Estava livre do
compromisso que possuía com Fagundes, livre de ir contra os
interesses do pai e ser uma vergonha para a família, livre para se
casar com Cícero. Agradecia a seu Luís pelo conselho involuntário
que ele lhe dera. Graças a essas palavras que ela tivera força e
coragem para se alforriar de seu prometido: “Agora só a morte irá
separar você e Fagundes”.
Ela sabia que ninguém acreditaria que uma moça terna e delicada
seria a assassina de Fagundes. O delegado não cogitaria a
possibilidade de investigá-la. A culpa cairia no colo de Oswaldo.
Ele não possuía álibi, era dono da arma de onde tinham saído os
disparos que mataram Fagundes e tinha motivação para ser o autor do
homicídio. Oswaldo mofaria na cadeia, sonhando com o dia em que Ana
Beatriz viesse cumprir a promessa de se deitar com ele.
Autor: Ernane Martins
Autor: Ernane Martins
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