Contos de Ernane Martins

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O Prometido


O que leva um homem a deixar sua casa, vir de um recôncavo longínquo, percorrer milhares de quilômetros, ficar à mercê das intempéries do tempo para alcançar uma cidade nanica e simplória como São Bonja? Ela era apenas uma lenda. Os comentários a respeito dela podiam ser falsos ou exagerados. A aventura, no final das contas, podia não valer a pena, seria um desperdício de tempo e de dinheiro, fora o risco de voltar para casa frustrado e se rotulando como bobo e ingênuo.
Mas Cícero recusou seguir os conselhos daqueles que se opunham a sua viagem. Sentia-se como um explorador indo atrás de algo belo e poucas vezes visto. A cidade de São Bonja e seus múltiplos defeitos não o desencorajavam a conhecê-la, as mais formosas flores às vezes nascem em lugares que a gente menos espera.
Numa sossegada manhã de primavera, Cícero chegou à cidade. Realmente, São Bonja era do jeitinho que a descreveram: humilde e de pouco valor. Ele não demorou a perguntar sobre a lenda da qual tinha ouvido falar. Recebeu a informação de que ela era verdadeira e que a sua beleza ia além daquela que ele imaginava.
Feitas mais algumas perguntas, ele passou a vigiar um sobrado imponente, antigo e bem conservado. Precisava saber se ela fazia jus aos elogios que recebia. Só sairia dali quando a joia mais preciosa e mais desejada da cidade aparecesse diante dos seus olhos.
De repente, ele foi apresentado àquilo que tanto almejava ver. A aparição dela ocorreu na sacada, foi curta, porém não menos arrebatadora. Cabelos cor de mel, de uma suavidade majestosa; pele branquinha feita com o mais raro material divino; boca delicada, de contornos aprimorados como de uma flor; olhos de tigresa, de deusa, que serviam única e exclusivamente para serem deliciados; jeitinho tímido que refinava ainda mais a sua graciosidade. Ana Beatriz era linda de matar ou morrer.
Cícero voltou para dentro da venda, localizada diante do sobrado, sem se esquecer de nenhum detalhe da beldade que acabara de se exibir. Pediu uma dose de cachaça. Tomou de uma vez só. A lenda da mulher mais bonita do mundo era autêntica, ainda bem. Percebeu que nunca antes tinha visto algo tão belo.

Naquele lugar, logo depois, ele conheceu Beto, e sem nenhum temor ou vergonha lhe revelou:
– Eu estou apaixonado pela moça que mora aqui em frente. Vi-a apenas uma vez, mas a amo mais do que a minha própria vida.
– Você a ama como todos que estão aqui dentro. E olha que você a viu apenas uma vez. O meu drama é bem maior, eu a conheço desde criança.
– Eu estou esperando para falar com ela, quando sair por aquele portão. Com certeza, quando eu declarar o meu amor, ela vai se apaixonar por mim com a mesma intensidade do amor que sinto por ela.
Beto disse rindo:
– Que pretensão a sua, forasteiro! Você é muito engraçado! Ana Beatriz só fala com homens que sejam da família, não deixa nenhum estranho se aproximar.
– Pode rir à vontade, mas pode escrever: eu vou me casar com ela.
Cícero não perdeu mais tempo com Beto. Ocorreu-lhe a ideia de colher informações sobre seu Luís. Nada muito profundo e íntimo Cícero procurou saber dele. Desconhecia o temperamento, a opinião que as pessoas tinham sobre ele, quais episódios marcaram a sua vida. Preferiu ficar com a descrição física do comerciante e conhecer os locais em que podia encontrá-lo.
Decidiu logo falar com seu Luís. Identificou-se e, sem meias palavras, pediu permissão para namorar Ana Beatriz. Teve o pedido negado. Por que seu Luís permitiria que a filha se envolvesse com um desconhecido? O comerciante expulsou o abusado de sua loja, como fez com tantos outros, e disse para ele nunca mais aparecer.
Cícero sentiu que por trás daquela reação de seu Luís habitava algum segredo. O comerciante não o trataria tão mal se não tivesse um motivo especial para isso. Intrigado e curioso, reunido com outras pessoas, Cícero tomou conhecimento que seu Luís jamais deixou a filha namorar. Filhos de grandes fazendeiros e homens riquíssimos já tinham tentado obter essa honra, mas seu Luís os rejeitou como se eles tivessem um defeito muito grave.
A oposição de seu Luís não tirou do peito de Cícero a esperança de fazer Ana Beatriz amá-lo. E no início, apenas no início, ele achou que não teria problemas para conquistá-la. Com o passar do tempo, porém, ele percebeu que trocar algumas palavras com ela era uma missão complicadíssima. Ana Beatriz vivia trancada dentro de casa e quando saía para passear era escoltada pelo pai ou pelos irmãos. Cícero podia gritar no meio da rua que a amava, quando ela passasse indo a algum lugar, mas, com certeza, as suas palavras somente a deixariam envergonhada.
Ele desejava falar a sós com Ana Beatriz. Desse jeito as suas palavras de amor entrariam como fogo no coração dela e a incendiariam. Mas, para conseguir tal feito, ele precisava contar com a ajuda de alguém. Então ele criou uma lista com os nomes das pessoas que tinham acesso a Ana Beatriz e que podiam se solidarizar com seu drama e promover o encontro dele com a mulher amada.
No entanto, um a um, ele teve de riscar os nomes. Porque, embora fizesse uma propaganda positiva sobre sua pessoa e declarasse que suas intenções para com Ana Beatriz eram as melhores possíveis, ninguém quis ajudá-lo.
No final do dia, só restava um único nome. Oswaldo era primo de Ana Beatriz. Contaram a Cícero que ele era um rapaz romântico e apaixonado por Bianca, com quem veio a se casar. Ele só foi parar no fim da lista porque disseram que ele mudou da água pro vinho.
Cícero procurou Oswaldo e se esforçou ao máximo para convencê-lo a se tornar seu cúmplice. Recebeu como resposta um não frio e insensível, isento de qualquer justificativa. Achou que devia insistir um pouco mais. Oswaldo o fez se calar com o seguinte argumento:
– Ana Beatriz não é pro seu bico!
– Por quê?
– Ela me ama!


Alguns meses se passaram, e num dia nublado, onde o sol não deu as caras e um vento gelado soprava pela ar, um homem, montado num cavalo preto e elegante, parou em frente à casa de seu Luís. Ele estava vestido com terno de linho branco e chapéu da mesma cor. Seu Luís o recebeu com um forte abraço, depois adentraram a casa. Todos que assistiram aquela cena ficaram se perguntando: “Quem será esse homem? E por que seu Luís o recebeu tão bem?”
No dia seguinte, espanto geral: estavam anunciando o casamento de Ana Beatriz com Fagundes, o homem de terno de linho branco. Toda a cidade ficou surpresa. Como seu Luís podia dar a mão de sua filha, o seu bem mais precioso, para um estranho, que surgiu do nada e que acabava de chegar a São Bonja? Essa história estava mal contada. Seu Luís recusou casar a filha com indivíduos de alta classe. Por que justamente Fagundes era digno dessa honra? O que havia de errado com os outros?
A cidade queria saber: por quê Fagundes? Então seu Luís contou aos amigos o motivo da escolha e toda a cidade ficou sabendo. Ele e o pai de Fagundes prometeram, muito tempo atrás, que seus filhos se casariam quando ficassem adultos. Ele havia prometido a filha. Era por isso que botava pra correr todos aqueles que se candidatavam a namorá-la.
Os homens que sonhavam em se casar com Ana Beatriz acharam que Fagundes não merecia ser agraciado com tal sorte. Primeiro: ele era um desconhecido. E segundo é que ela estava sendo forçada a se casar pelo pai. O ódio tomou conta deles. Detestavam Fagundes a ponto de pensar em fazer alguma coisa para impedir aquela união. Tudo porque ele tentava roubar a jóia mais valiosa da cidade, da qual muitos se julgavam donos.
Fagundes não tinha noção do perigo que corria. Acreditava que estava apenas sendo invejado, e não se importava muito com isso. Encantou-se com a beleza de Ana Beatriz logo à primeira vista. Não esperava que a sua prometida fosse tão bela. Ana Beatriz não parecia estar contrariada com o casamento e nem desprezava o futuro marido. E isso o deixava ainda mais feliz.
E desde o dia em que chegou à cidade, Fagundes não quis mais abandoná-la. Queria ficar perto de Ana Beatriz, admirá-la todos os dias, nada no mundo era tão interessante quanto a noiva. Ele ficou hospedado na fazenda de um amigo de seu Luís. E toda tardezinha, ele ia visitar a noiva. Sempre ia com seu cavalo. Percorria uma boa distância. O cavalo, de tão acostumado, sabia o caminho de cor.
Num certo dia, porém, o pessoal da venda estranhou uma coisa: o cavalo de Fagundes apareceu sozinho na frente da casa de seu Luís.
– Cadê o Fagundes? – Era a pergunta que todos da venda se faziam. – Não é sempre nesta horinha que o maldito vem noivar?
Fagundes não veio naquela noite e nunca mais viria. Porque na estrada, a caminho da casa da noiva, ele caíra numa emboscada. Escondido no mato, à beira da estrada, alguém tirara a vida dele.
A notícia da morte de Fagundes explodiu como uma bomba na casa de seu Luís, que mal podia acreditar que o futuro genro havia sido assassinado. Quando se pôs diante do cadáver de Fagundes, seu Luís indignou-se e disse que o desgraçado que tinha cometido esse crime não ficaria impune.
Para a polícia de São Bonja, tornou-se prioridade descobrir quem havia matado Fagundes. Alguns dias de investigação e todas as suspeitas caíram sobre as costas de Oswaldo. Bianca, a mulher dele, confessou ao delegado que vira o marido sair armado no dia do crime e voltar tarde da noite.
– Por que ele mataria o noivo de sua prima? – perguntou o Delegado a Bianca.
– Porque ele é apaixonado por ela. Ele jogou isso diversas vezes na minha cara. Ele também morria de ódio de Fagundes. Ouvi várias vezes ele dizer que queria matar o maldito. Oswaldo matou Fagundes, porque não aguentaria ver Ana Beatriz se casando com outro homem.
Oswaldo, no mesmo dia, foi detido. Na frente do delegado, afirmou que realmente amava Ana Beatriz. Mas negou o crime. Revelou que a bala que tinha matado Fagundes saíra de sua arma, mas de novo negou que tivesse atirado.
– Se não foi você quem foi? – perguntou o delegado.
– Se eu contar, você não vai acreditar...


Alguns meses atrás, Cícero aparecera na cidade. Viera atraído, como surgiram outros, pela reputação de Ana Beatriz. Apaixonou-se quando a viu se exibindo na sacada de casa. Porém enfrentou dificuldades para conquistá-la. Sequer conseguiu ganhar a simpatia de alguma pessoa que podia ajudá-lo a ficar frente a frente com o seu amor.
Mas Cícero não havia vindo de tão longe para desistir por causa de uma dúzia de proibições e de negativas. Ele ficou pensando numa maneira de fazer Ana Beatriz conhecê-lo. Ninguém podia estar por perto. Desse jeito a chance de alguém proibi-lo de se apresentar e de falar tudo o que sentia por ela era reduzida a zero. Teve uma ideia. Mas o plano não era assim, digamos, perfeito. Ele era perigoso e dependia de sorte. Mas Cícero não acreditava num homem apaixonado que não corre risco.
Feito ladrão, bem cedo, ele pulou o muro da casa de Ana Beatriz e se escondeu detrás das folhagens. Ele tinha o palpite que ela amava as flores e toda a manhã vinha ao jardim dar bom-dia e cuidar de suas tulipas, orquídeas e hortênsias.
Dito e feito, Ana Beatriz veio caminhando em direção ao jardim. O coração de Cícero acelerou de maneira tão forte que era possível ouvir as suas batidas. Ao se aproximar mais um pouco, ele apareceu diante dela, que levou um baita susto. Imediatamente tentou tranquilizá-la dizendo que não pretendia lhe fazer nenhum mal. Aproveitou os instantes seguintes para revelar que a amava mais do que tudo na vida e declarar outras belas palavras. Depois, Ana Beatriz o expulsou do jardim ao ameaçar gritar por socorro.
Mesmo tendo sido escorraçado, Cícero não tinha perdido as esperanças de conquistá-la. Muito pelo contrário, ele estava mais confiante de que em breve ela seria sua. E de tão contente que se encontrava por ter trocado as primeiras palavras com a sua amada, ele catou papel e caneta e, numa tarde inspirada, escreveu uma carta a Ana Beatriz.
Ele saiu à rua com a carta. Passou pela venda de seu Miguel e pelo sobrado de seu Luís. Bateu palmas na frente da casa de Simone, amiga de Ana Beatriz. De forma discreta, implorou que ela entregasse a carta a quem pretendia. Simone não conseguiu se negar a fazer esse favor. Não lhe custava nada, palavras expostas em um papel em geral são inofensivas.
Dias depois, Simone bateu à porta do quarto de Cícero. Ela trazia uma carta de Ana Beatriz. Ele a segurou, emocionado, e a leu e a releu uma centena de vezes. Preferiu agradecer-lhe pessoalmente. Esperou Ana Beatriz surgir na sacada de casa. Quando isso aconteceu, os olhos deles se grudaram. Foi um custo eles se separarem outra vez.
E assim foi, trocando cartas, com a ajuda e cumplicidade de Simone, e se vendo à distância, que Ana Beatriz veio a se apaixonar por Cícero.
Mas a felicidade dos dois acabou quando Fagundes apareceu na cidade e seu Luís anunciou o casamento. Cícero ficou arrasado. Teve vontade de matar o sujeitinho que estava tentando roubar a mulher de sua vida. Se ele tivesse um lado negro e não fosse um homem de bem, faria esse serviço. Desistiu dessa ideia, preferiu convencer Ana Beatriz a fugir de São Bonja para eles enfim serem felizes.
Mesmo amando Cícero, Ana Beatriz não queria ser ingrata com sua família, abandonando-a sem olhar para trás. Deveria haver um jeito de romper o compromisso que possuía com Fagundes sem que para isso fosse necessário tomar uma atitude radical. Todas as esperanças foram depositadas em seu Luís. Por amor à filha, ele poderia rever a sua opinião de casá-la com uma pessoa que ela percebia que não tinha a mínima condição de fazê-la feliz.
Na festa de noivado, Ana Beatriz tentou pela última vez convencer o pai a mudar de ideia sobre seu casamento. A conversa aconteceu no escritório, com as portas fechadas.
– Pai, eu não o amo – disse ela, num dado momento, chorando.
– Sinto muito, minha filha, mas infelizmente não posso voltar atrás; dei a minha palavra de honra... Queria te deixar escolher – disse seu Luís, entristecendo-se por causa do sofrimento de Ana Beatriz e lhe dando um abraço. – Agora só a morte irá separar você e Fagundes... Agora vamos voltar à festa, nos ausentamos demais. Enxugue estas lágrimas e volte a fingir que está feliz.
A festa de noivado chegou ao fim, mas os dias foram andando cada vez mais rápido, a data do casamento estava cada vez mais próxima. Casamento este que Ana Beatriz rejeitava, abominava. Pois sonhava acordada com Cícero e com o mar de rosas que seria a vida ao lado dele. Mas a sua realidade se consistia em Fagundes, maldito Fagundes, um sujeitinho que não devia ter nascido, um malfeitor que a estava obrigando a se casar sem amor e que trataria de fazer de seu futuro algo triste e melancólico.
Não foi por acaso que ela se lembrou de um sentimento morto e há anos esquecido e que atingiu seu ápice na adolescência. Na época, ela se apaixonou pelo primo Oswaldo. Mas ele só tinha olhos para Bianca. E no dia em que ele subiu ao altar, Ana Beatriz parou de gostar dele.
A ironia do destino deu o ar da graça anos mais tarde, Oswaldo começou a nutrir uma paixão avassaladora por Ana Beatriz. Certa vez, tomou coragem e se declarou. Ana Beatriz achou aquilo um disparate, horrorizou-se ao escutar que ele faria qualquer coisa por amor a ela. Não quis ouvir mais nada, fugiu e nunca mais o deixou se aproximar.
Agora essas velhas lembranças tinham um sabor todo especial, completamente diferente de outrora, eram como se fossem tábuas onde ela podia se segurar para sobreviver a um naufrágio.
E a visita de Oswaldo ao seu Luís não podia ter ocorrido num momento mais oportuno. Ana Beatriz ficou alegre ao vê-lo. Quando surgiu a oportunidade, conversaram a sós.
– Você disse, um dia, que faria qualquer coisa por mim – lembrou Ana Beatriz.
– Disse e ainda faço, Ana – afirmou Oswaldo.
– Eu quero uma coisa simples de você. Quero que me arranje uma arma.
– Uma arma?! O que ganho em troca te fazendo esse favor?
– O que quiser.
– Eu quero você pra mim.
– Isto você não poderá ter – respondeu Ana Beatriz.
Tendo o seu primeiro pedido negado, ele pensou numa outra coisa.
– Então eu quero ter uma noite de amor contigo.
Ana Beatriz balançou a cabeça, concordando em atender a exigência dele.
No dia seguinte, Ana Beatriz saiu escondida pelos fundos de casa. Estava vestida com peças do guarda-roupa masculino. Andava com capuz na cabeça, queixo abaixado e de forma veloz. Ela avançou sobre uma região desabitada da cidade. Chegou ao local onde Oswaldo disse que esconderia a espingarda. Em companhia dela, dirigiu-se para a beira de um barranco. Agachou-se no meio do mato. A mira da espingarda ficou voltada para a estrada que corria ali embaixo.
Minutos depois, Fagundes surgiu na estrada. Vinha a cavalo, achando-se o homem mais sortudo do mundo. Quando passava por perto do barranco, recebeu dois tiros no peito. Com o barulho, o cavalo se assustou e saiu em disparada. Fagundes caiu morto de cima do animal.
Ana Beatriz saiu dali mais leve, mais solta. Estava livre do compromisso que possuía com Fagundes, livre de ir contra os interesses do pai e ser uma vergonha para a família, livre para se casar com Cícero. Agradecia a seu Luís pelo conselho involuntário que ele lhe dera. Graças a essas palavras que ela tivera força e coragem para se alforriar de seu prometido: “Agora só a morte irá separar você e Fagundes”.

Ela sabia que ninguém acreditaria que uma moça terna e delicada seria a assassina de Fagundes. O delegado não cogitaria a possibilidade de investigá-la. A culpa cairia no colo de Oswaldo. Ele não possuía álibi, era dono da arma de onde tinham saído os disparos que mataram Fagundes e tinha motivação para ser o autor do homicídio. Oswaldo mofaria na cadeia, sonhando com o dia em que Ana Beatriz viesse cumprir a promessa de se deitar com ele.

Autor: Ernane Martins

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